Portal Title

Complementação de métodos diagnósticos de Encefalopatias Espongiformes Transmissíveis (EETs)

As encefalopatias espongiformes transmissíveis (EETs) ocorrem em humanos e animais e apresentam um longo período de incubação. São doenças neurológicas progressivas e fatais, que desenvolvem alterações espongiformes restritas ao sistema nervoso central. No Brasil, BSE nunca foi diagnosticada, porém casos de scrapie em ovinos são esporádicos. O Brasil possui o maior rebanho comercial de bovinos do mundo e um aumento na produção de carne ovina. No entanto, um dos problemas enfrentados pelo país é a atual classificação como país de risco controlado de ocorrer a Encefalopatia Espongiforme Bovina (BSE), o que diminui a nossa competitividade com o mercado internacional. Diante de um controle sanitário eficaz, o monitoramento e diagnóstico de EETs se faz necessário no nosso rebanho. Importante trabalho é desenvolvido pelo Setor de Patologia Veterinária (SPV) da UFRGS em conjunto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) do Brasil no monitoramento e diagnóstico de EETs. O trabalho envolve o envio de amostras de animais para avaliação histológica e realização de imuno-histoquímica (IHQ) de príon pelo SPV-UFRGS. O setor foi o primeiro no Brasil a implantar a IHQ para teste em ruminantes e a fazer a padronização em tecido linfoide, tendo realizado também o treinamento de funcionários do MAPA. Entre janeiro de 2011 e junho de 2012 o SPV-UFRGS recebeu 2867 amostras de bovinos (tronco cerebral) e 141 amostras de ovinos. Os troncos cerebrais de bovinos foram clivados na região do óbex e passaram por processamento de rotina, com posterior coloração por hematoxilina/eosina (HE) e IHQ anti-príon. Destes, não foram encontrados achados patológicos compatíveis de doenças espongiformes na avaliação histológica. Na avaliação imuno-histoquímica dos materiais de 2011, todas as amostras foram negativas. Diante de casos suspeitos de scrapie, o laboratório realizou o diagnóstico pela identificação dos achados microscópicos e pela confirmação por IHQ. Como medida de controle da doença, o rebanho de origem do animal positivo foi analisado através da coleta de biópsias de terceira pálpebra e mucosa retal. A biópsia nesses locais busca a coleta de folículos linfoides para realização de IHQ de príon, que é uma boa alternativa de diagnóstico pré-clínico de scrapie. A doença tem um período de incubação longo, em que uma ovelha infectada pode transmitir a doença a outros animais, principalmente via horizontal através da placenta. Durante esse período ela pode ser detectada no sistema linforreticular antes da apresentação dos sinais clínicos. Ao realizar a biópsia, o animal deve estar contido em decúbito lateral. Antes de proceder à coleta do folículo linfoide de terceira pálpebra, deve-se instilar colírio anestésico (lidocaína 1%) em um dos olhos. Em seguida, pinça-se a terceira pálpebra, revertendo-a para exposição do folículo, que será excisado com tesoura curva Metzenbaum. Antes de realizar a coleta de folículos da mucosa retal, é colocado um espéculo no reto do animal e administra-se 0.5mL de lidocaína 1% na mucosa onde se procederá a coleta através do pinçamento do local e excisão do tecido. Esses materiais foram processados, corados com HE e realizada IHQ anti-príons. No total 11 ovinos foram diagnosticados com scrapie. A qualidade da biópsia realizada é fundamental para o diagnóstico imunohistoquímico, o qual se torna mais sensível quando se obtém quatro a seis folículos linfoides por amostra. A biópsia é uma ferramenta útil para rastreamento de scrapie nos rebanhos e eliminação de animais positivos. Somado a isso deve ser realizada a genotipagem dos ovinos para identificação de animais resistentes, os quais serão selecionados, e animais suscetíveis, os quais devem ser eliminados. Dessa forma, haverá uma melhor vigilância sobre a produção e aumento da competitividade da carne ovina brasileira. Em bovinos até o presente momento não foi possível desenvolver uma técnica de diagnóstico ante mortem para BSE. A doença pode ser confirmada no post mortem pela avaliação histológica do óbex e IHQ anti-príon. Com os diagnósticos realizados o laboratório desenvolve pesquisas em doenças espongiformes, buscando a formação de alunos de graduação e pós-graduação em medicina veterinária. Assim como tem a finalidade de auxiliar a sanidade do rebanho de bovinos e ovinos, dar credibilidade a pecuária nacional e garantir a qualidade e inocuidade do produto animal ao mercado consumidor.

Show more
Duração 06:09
País
Idioma
Website http://hdl.handle.net/10183/106220
Ano de produção 2012