A presente dissertação se refere a interação com moradores de rua em busca da presença da potência criadora, segundo o conceito nietzschiano de Grande Saúde. Para tal empresa, nos valemos dos recursos de pensamento da cartografia, nos termos de Gilles Deleuze e Félix Guattari, e da intuição, nos termos de Henri Bergson. O objetivo foi compreender os processos, forças e potências que compõem o existir na rua. O plano de inscrição e encontro com essas existências foi o jornal Boca de Rua, único periódico do mundo feito totalmente por moradores de rua. Durante todo trabalho utilizamos excertos de edições do jornal Boca de Rua, além disso, foi parte constituinte desta pesquisa a criação conjunta com moradores de rua de produção audiovisual, o vídeo Ir Vir Permanecer. Para constituir um plano de perspectiva desde o qual contatássemos as existências da rua, consideramos a noção de processos de subjetivação em Guattari e Rolnik, assim como, para construir o plano de consistência da pesquisa, valemo-nos do conceito de vida nua no trabalho de Giorgio Agamben. Da escola cínica retomamos o conceito de parresía para ajudar-nos a compreender a emissão de discursos e a colocação de si a partir da rua em sua potência política, tal como é operacionalizada pelo jornal Boca de Rua. Ao final do trabalho chegamos, de maneira experienciada, ao conceito de Grande Saúde em Nietzsche, sua constitutiva Vontade de Potência, e ao problema da afecção em Spinoza como fiadores de encontro com essas vidas. Concluímos apontando para processos que prescindem da moral e se afastam da constituição de sujeitos pela ordem da falta ou da exclusão social e ensejam perspectivas outras que possam não só compreender, mas agenciar novos modos de encontrar (com) a vida, seja sob algum teto seja à céu aberto.
Duração | 21:10 |
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Idioma | |
Website | http://hdl.handle.net/10183/147936 |
Ano de produção | 2016 |