Depoimento estudante de odontologia

Meu nome é Marcelo. Sou estudante do décimo semestre do curso de odontologia da UFRGS. Estou estagiando em um hospital do município. Acompanho o caso de uma menina, Joana, de 11 anos que é deficiente e que está internada neste hospital. A criança teve rubéola congênita e, como seqüela, tem dificuldades na fala, apresenta cegueira e tem uma patologia neurológica, de acordo com a eletroencefalografia, que está alterada. Recebe diversas medicações: adrenalina; atropina; adenosina; bicarbonato; gluconato de cálcio; glicose; ketamina; midazolan; morfina; diazepan; pavulon; succinilcolina; flumazenil; naloxone. Ficando grande parte do tempo sob os cuidados diretos da equipe de enfermagem. A menina foi internada no hospital através de mandato judicial, pois começou a faltar às consultas de rotina com o médico gastroenterologista. Seu pai foi avisado da importância destas consultas, e que a sua ausência a colocava em situação de risco de vida. Há suspeitas de estar sofrendo maus tratos e abuso. Parece não possuir autonomia para coisas mínimas como vestir-se ou tomar banho e depende totalmente de quem a conduz e decide por ela. Logo é difícil separar as questões ligadas à deficiência congênita e aquelas que podem ser resultado de um pobre e limitado investimento em sua saúde e educação ou mesmo a negligência de seus cuidadores. O pai nos contou uma história longa e com vários pontos obscuros, se contradizendo em suas explicações e justificativas. É um senhor idoso, que tinge seus cabelos brancos mostrando vaidade. Fala na mãe da menina como alguém que não tem consciência de zelo e proteção, viciada em drogas e abandonou mais de um filho. A avó materna, segundo o pai, é ladra e também usuária de drogas. Ele tem mais quatro filhos, com idades próximas aos 50 anos e se confunde ao tentar explicar suas profissões. Quanto a sua saúde bucal apresenta várias lesões ativas de cáries ativas nos dentes ântero-superiores, mas ainda sem cavitação, também possui um quadro de sangramento gengival inetnso, sendo diagnosticado como gengivite