Desenvolvimento de tecnologia para o diagnóstico da infestação de larvas de Haemonchus contortus através do estudo do microclima da pastagem

A verminose provocada pela infecção de helmintos, parasitas gastrointestinais, é um dos maiores problemas enfrentados pelos produtores de ovinos. Grande parte dos vermes estão presentes nas pastagens. O diagnóstico da contaminação e a relação entre o microclima da pastagem com a recuperação de larvas no pasto gerará conhecimento para geração de nova tecnologia que possa diagnosticar o potencial de infecção parasitária através de medidas do microclima da pastagem. Pelo fato de que diferenças estruturais das pastagens propiciam microclimas diferentes, e, consequentemente, condições distintas para a sobrevivência de larvas de helmintos, foram escolhidas duas gramíneas de verão com hábitos de crescimento diferentes. São elas: 1) Grama Bermuda (Cynodon spp. cv. Tifton-85) e 2) capim Aruana (Panicum maximum cv. IZ-5). O estudo foi realizado na FEPAGRO do município de Viamão, os animais ficaram dispostos em seis piquetes, sendo três de cada forrageira. A oferta de forragem foi de 10% (10 kg matéria seca⁄100 kg de peso vivo animal⁄ha⁄dia) de folha verde, regulada a cada 28 dias utilizando-se a técnica de “put-and-take”. A área total do experimento ocupou 1,2 hectares e as parcelas tiveram uma área de 0,2 ha cada. A cada 28 dias foram realizadas as seguintes avaliações: Ganho de peso, escore de condição corporal e avaliação do grau de contaminação da pastagem em diferentes estratos, a saber: terço superior, médio e inferior. A fim de compreender a distribuição das larvas na pastagem, esses três estratos também foram avaliados quanto à radiação solar, através do uso do ceptômetro e à temperatura e umidade pelo uso do termohigrômetro. A cada 14 dias foi feita a avaliação da infecção parasitária de helmintos gastrintestinais. Na recuperação de larvas no estrato superior das pastagens não houve diferenças significativas para nenhum dado climático. Porém, no estrato médio, a recuperação de larvas foi significativamente maior no capim Aruana, essa diferença está diretamente relacionada com a temperatura média, temperatura inferior e radiação solar superior. No estrato inferior também houve maior recuperação de larvas no capim Aruana. Nesse caso, os dados que tiveram efeito significativo foram a temperatura média e a umidade inferior, que foram superiores nessa pastagem. Portanto, a contaminação das pastagens está diretamente relacionada com a temperatura dos estratos médio e inferior, com a radiação solar no estrato superior e com a umidade no estrato inferior, e essas variações do microclima das pastagens podem ser utilizadas para diagnosticar a contaminação do pasto.